Você aí, sentado no ônibus, com a cabeça baixa e os olhos presos em Angry Birds. Abra caminho para um dos melhores jogos portáteis de 2010, um daqueles em que você ainda precisa apertar botões de verdade e no qual um guerreiro grego sem muita paciência destrincha pássaros e outros seres mitológicos.
God of War: Ghost of Sparta é um jogo épico que cabe em suas mãos. É o quinto título da Sony a trazer como protagonista Kratos, o mortal transformado em deus, e o segundo da série no PSP (PlayStation portátil). Lançado mais de dois anos depois do primeiro God of War portátil (Chains of Olympus), Ghost of Sparta preenche uma lacuna narrativa ao mandar Kratos para Atlantis na tentativa de resolver o mistério de seu irmão perdido. Estamos falando de matança de deuses e mortais em larga escala e em clima de hiperviolência, mas sem mudanças radicais no modo de jogar.
Para Quem Foi Feito
Para quem quer ter nas mãos um blockbuster de ação Hollywoodiana em wide-screen – e não se aborrece com um herói que arranca as pernas de um ciclope e depois apunhala o olho da criatura com uma incrível naturalidade.Por Que Jogar
Ghost of Sparta tem três missões a cumprir. Ele precisa manter o frescor da série para que Kratos não se transforme no novo Madden; não pode fazer feio diante do ainda recente God of War III (PlayStation 3), superprodução de maio de 2010; e precisa provar a relevância dos jogos de console adaptados para portáteis em uma época em que “diversão mobile” significa qualquer 20 segundos de jogos como Doodle Jump.Mas parece que acabamos de ver um novo God of War, e foi um jogo que tinha tudo que alguém poderia querer. O que essa sequência no PSP tem a oferecer além da possibilidade de ser apreciado no banheiro?
Comece a jogar, e você vai pensar que é “só mais um God of War.” O que não é exatamente ruim, apesar de as primeiras impressões decepcionarem um pouco. A série sempre se destacou por combates de alta qualidade, visual incrível, auto-indulgência do caráter masculino e um dos melhores trabalhos de câmera dos games. Tudo isso você encontra em Ghost of Sparta. No começo, esses fatores deram a impressão de que esse God of War poderia passar em branco, mas o tempo foi passando e eu acabei gostando da aventura. Eu estava, afinal, descobrindo coisas novas com Kratos.
Este jogo é uma “prequel”, preenchendo histórias anteriores da série. Esse é o grande apelo?
Sim. Ghost of Sparta explica por que Poseidon tem seus atritos com Kratos em God of War III e também ensina a Kratos – e a nós – muito mais sobre a família do herói. É claro que, normalmente, ninguém compraria um God of War pela história. Você compraria pelas mutilações, assunto que Ghost of Sparta domina tão bem quanto os jogos anteriores da série. Ou você compraria pelo estilo de jogo – e, sim, Kratos ainda usa as lâminas de sempre e segue um caminho familiar rumo aos upgrades para poderes maiores. Ele escala e mata tanto quanto nos jogos anteriores, e sua nova habilidade é incendiar temporariamente as lâminas de sua principal arma – o que é muito bonito, mas não revoluciona nada. A jornada de Kratos em busca de suas raízes espartanas é cativante. Não há nada de profundo aqui, mas você não pode esquecer a grandiosa mitologia. Conforme o cenário muda, o céu muda de cor, as traições começam. Você percebe que tem uma aventura e tanto pela frente.
O que faz de Ghost of Sparta um jogo especial, além de ser um grande jogo em um pequeno videogame?
Essa aventura tem um bom ritmo e um acabamento caprichado. Você não está apenas se divertindo com as tarefas de sempre, mas está tendo prazer em momentos tão distintos quanto um agitado combate ou uma passagem mais “climática” entre cenários. Você também tem bons movimentos embaixo d’água e mais acrobacias do que antes.
Quem nunca se interessou por God of War vai se convencer a jogar Ghost of Sparta?
Kratos continua sendo um cafajeste casca-grossa, embora o enredo o afaste de seus clichês muitas vezes. Os baús de tesouro ainda demoram muito para abrir. Mas… boas notícias. Esse talvez seja o primeiro God of War em que Kratos tem mais parceiras sexuais do que quebra-cabeças de blocos para resolver.
Um God of War em alto estilo? Confere. Um jogo que permite ao PSP mostrar o seu melhor? Confere. Mas aquele último God of War do PSP era meio curto…
Ok, Chains of Olympus era meio curto, mas Ghost of Sparta é mais longo. A campanha exige mais de 7 horas e, depois de terminar, você tem acesso a arenas de combate, desafios e itens que alteram a campanha principal, dando motivos para você jogar novamente. E, se você se importa, vale avisar: não existem modos multijogador.
Conclusão
Ghost of Sparta começa tão mal-encarado e raivoso quanto qualquer God of War, e seria um jogo recomendável simplesmente por combinar a qualidade da série com as capacidades técnicas do PSP (com mais competência que o anterior, Chains of Olympus). Mas por volta da metade do jogo, a direção de arte se fortalece, as belíssimas vistas se tornam mais variadas, a história cresce, Kratos encontra alguns aliados interessantes e, quando você percebe, já está discutindo se o grande God of War de 2010 é o de PlayStation 3 ou este pequeno prodígio do PSP.God of War: Ghost of Sparta foi desenvolvido pela Ready At Dawn Studios e lançado pela Sony Computer Entertainment of America para PSP, com data de lançamento prevista para 2 de novembro nos Estados Unidos, ao preço de US$ 39,99.
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